Etiam placerat

usarei este blog para postar pequenas estórias de alguns personagens de um livro que estou escrevendo: o enigma da imortalidade.
em suma, esse livro é sobre uma mulher que é imortal e que está contando sua experiência para um escritor.
cada um desses personagens entrará em contato com essa mulher e suas estórias no blog acabarão quando eles cruzarem o caminho dela.
assim sendo, para continuar a ver as estórias desses personagens deve-se ler o livro que ainda estou escrevendo.

fique atento se gostar des estórias: postarei em partes duas vezes por semana.

Encuesta

Antônio

Ele voltava de uma de suas eventuais visitas ao imperador numa carruagem meio lenta porém confortável.ponderava sobre coisas que gostaria de ter dito de outra forma, coisas que poderiam tê-lo feito ser mais convincente, que demonstrariam mais firmeza.mas o importante, agora, era que o imperador o ter apoiado e que ele aspiraria ao bispado, cargo ou posição, como preferir o leitor, que lhe garantiria mais prestígio e poder.o tempo foi passando e ele acabou adormecendo.

Sonhou com um cavaleiro de armadura pesada que, apesar disso, andava mais rápido do que qualquer cavaleiro que ele já havia visto.

Os cabelos longos do cavaleiro eram negros e voavam.

Era noite mas a luz cheia iluminava perfeitamente aquele cavaleiro misterioso.

Ele chegou no palácio do imperador e desceu do cavalo que logo caiu no chão, talvez cansado.

De repente todos os soldados caíram por terra como se não tivessem em si nenhuma energia, caíram dormindo e alguns sorriam.

O cavaleiro entrou no palácio e viu-se duas sombras conversando.o que falariam?

Não era possível ouvir.

O cavaleiro ergueu a espada como quem mataria a outra sombra que, intuitivamente, no sonho, sabia-se ser o imperador.

Amanheceu e chegaram em santa ágata.o guia da carruagem estava exausto e, depois de receber seu pagamento e uma benção foi-se para sua pequena casa rever sua família.

- Santo padre, senti sua falta quase como sentiria do próprio Deus se me abandonasse! Disse Emanuel sorrindo

- Desde cedo na igreja, Emanuel, vê-se logo que és homem de fé e íntegro! Disse Antônio

- Gostaria, padre que o que dizes fosse verdade mas a verdade é que pequei.posso confessar-me? Disse Emanuel sem olhar Antônio nos olhos.

- Estou bem disposto hoje, apesar de ter dormido na carruagem, vamos, confessa-te a mim agora.entra comigo à casa do senhor.

- Ah, que bom que o senhor está bem disposto senhor padre, vamos sim e confessar-me-ei com o senhor a fim de obter perdão e auxílio de Deus.

Ambos, então, entraram no confessionário, cada um em seu lugar devido e Emanuel começou a confessar-se.

- Caí em tentação, senhor padre, os demônios que atormentavam meu pai agora me atormentam da mesma maneira.

- Conte-me mais detalhes, Emanuel.

- Pois sim, senhor padre.

- Estando eu a lembrar-me do assassino que foi meu pai questionei-me sobre o porque de eu ainda conservar seu armário lacrado como ele me ordenava quando pequenino. Pois não havia mais porque não usá-lo e guardar meus pertences em qualquer lugar.

- Não saiba eu, senhor padre, que meu pai prendeu, na verdade, os demônios dentro daquele armário e que, assim que o abri foi possuído por um desejo demoníaco de ferir, de matar.

- E ainda criaram, aquelas criaturas demoníacas, facas deveras afiadas e prontas para esfolarem o primeiro que me cruzasse.

- Meu pecado, senhor padre, foi que saí ao campo de Matias e esfolei uma vaca.

- Os demônios, senhor padre, não me deixaram parar, eu sentia prazer em matá-la, sobretudo em ouvi-la gritar como quem diz: socorro, socorro.

- Senti um prazer mesmo parecido com o que sentimos ao comermos quando estamos com muita fome: tudo fica delicioso.

O padre ficou em silêncio por uns instantes e depois começou a falar.

- Cometeste um grande erro, Emanuel, não ao matar a vaca, que também é um erro pois não é sua, mas por deixar que o diabo coloque essas coisas ruins na sua mente.

- Saiba que nós sempre temos escolha, mesmo que o diabo nos tente de todas as formas, e que se rezares sempre que for acometido por esse demônios, Deus te salvará das garras dessas terríveis criaturas tu viverás em paz contigo mesmo e com todos os animais e pessoas.

- Experimente, depois de rezar pelo resto da manhã pedindo perdão aqui na igreja, fazer bem aos animais alimentando-os e acariciando-os e verás que existe ainda outra fome a alimentares: a fome de Deus.

- Verás que, comparando-a com matar, é como comparar o doce com o amargo.

- Em verdade, senhor padre, és homem de Deus e seguirei todos os teus conselhos pois vejo que são bons.

Emanuel ajoelhou-se atrás do primeiro banco e rezou por toda a manhã e, depois de comprimentá-lo, Antônio saiu em direção ao lugar onde Augusto, o noviço, dormia pra inquirir sobre como estivera não só a igreja mas toda a vila enquanto ele esteve fora.

Ele não estava dormindo e nem deveria estar, assim que o padre saiu do dormitório Augusto entrou pela porta de trás, como sempre fazia, com os dois baldes de água que logo deixou num canto para ir ter com o recém chegado padre:

- Seja bem vindo, padre Antônio! Disse Augusto com um brilho nos olhos

- Ó meu devoto noviço, um dia ainda chegas ao lado direito do senhor com tua fé!

- Um lugar em seu reino, padre Antônio, já me basta, mesmo que seja a léguas de distância do bom senhor.

- Esqueça, esse lugar já é meu.disse o padre sorrindo

- Assim me complicas pois se tu ocupas o lugar mais distante e eu tenho que ficar mais distante que ti então não terei eu lugar no céu

- Deixemos isso para que o bom pai decida, agora quero saber como ficou a igreja na minha ausência.

- Ficou ótima, eu mesmo rezei as missas e as irmãs trataram de cuidar da limpeza e da comida com os dons divinos que têm para fazerem isso como ninugém.

As irmãs saíram do seu dormitório vibrando com a chegada do padre, apesar da pouca iluminação era visível que seus olhos se enchiam de lagrimas brilhando ao ver o homem santo do senhor de volta.

- Josefina, Ana, Floripes, Maria!

- Mas que saudade de vocês mulheres santificadas sem as quais não vivo! Disse Antonio com um sorriso não tão empolgado quanto o delas.

- Molestou-as, Augusto, com suas perguntas impertinentes?

- Que nada, tu bem sabes que há meses Augusto deixou de lado esses demônios. Está no caminho de se tornar um verdadeiro santo!

- É, padre Antônio, já superei esses demônios e agora vivo pela fé!

Todos se abraçaram e ficaram daquela forma por uns instantes até que Antônio disse que deveria fazer suas preces e entrou em seus aposentos, que eram separados do dos demais.

Os cinco curiosos, como sempre, ficaram a ouvir o que o padre fazia e ouviram-no se bater com um chicote e dar pequenos gemidos.

- Vêem o que é um santo, sussurrou Augusto, todos nós sabemos que ele não comete pecado algum e mesmo assim se pune como deveria ser punido o pior dos pecadores.

- Quisera eu ter tanta santidade.sorte a minha que ainda sou mooç, quem sabe algum dia não chego a ser como o padre Antônio.

Ao ouvirem pegadas foram-se cada um para sua ocupação e assim ficaram até a hora do almoço.

O padre no interior, ficou a ler seus livros preparando-se para a missa da noite querendo começar logo a por seu plano em prática movendo os pensamentos dos camponeses.

- Está pronto o almoço, padre Antônio, e pelo gosto é bom vires logo senão os anjos descobrirão que nos banqueteamos e levarão tudo o que comeremos para eles próprios! Disse Augusto.

- Já vou, meu noviço, dá-me um minutos e estarei lá.


Parte 2

- A verdade mora no lábio de Augusto, Josefina

- Que esplêndido jantar!

- Muito obrigada, padre Antonio, por ti eu faria mil jantares.

- E a mim me bastaria apenas metade de todo o sabor de tuas refeições.

- Venha cá, me diga uma coisa, o que Matias tem feito em minha ausência, achas que ele é um forte na fé?

- Ah se é, Padre Antonio, é muito devoto como podes ver que agora mesmo se fecha em seu quarto a rezar fervorosamente.

- Ora, se eu não tiver tanto fervor perco o posto de padre para ele, então?

- Na medida de proporções, o senhor receberá o posto de bispo e ele o de padre, se Deus quiser!

- Tenho que ir-me agora, Josefina, é bom saber que tudo esteve bem na minha ausência.

O padre levantou-se da mesa e foi para seus aposentos onde encontrou sua velha caixa de diários e apanhou o mais recente à fim de escrever o que lhe sucedeu na ultima visit ao imperador.:

Esta visita foi-me muito improdutiva, inicialmente, mas depois mostrou-se genial.

Apesar disso, sei que esse imperador é bem traiçoeiro então devo manter-me sempre alerta.

Ele queria que eu ensinasse sua filha sobre a nossa religião e que minha influência acadêmica fosse útil para controlá-la.

Não entendo o porquê, de fato de ele me prometer tanto quanto promete por algo de tão pouco valor como a educação de sua filha e, por isso, pedi a ele que em auxiliasse nesse projeto menos valioso mas que na certa valia meus ensinamentos.

A filha dele saiu para cavalgar mais uma vez de forma que fiquei La com todo o luxo possível, comendo e bebendo do bom e do melhor.

O poder do imperador cresce à cada dia e seus exércitos parecem não sofrer baixas nas batalhas de forma que todos os senhores feudais freqüentam suas festas e elogiam sua qualidade( que nem são tão excelentes).

Eu quis insinuar que era Deus que o auxiliava e ele riu-se de mim como quem sabe a chave para ser vencedor dessa forma em batalhas.

Não posso enganá-lo disso estou certo, mas considero nossa troca justa, afinal tudo o que eu pedi foi alguns soldados para me auxiliarem contra Matias.

Aquela peste ingrata, conquistou a confiança de todos os camponeses de forma que não posso matá-lo sem antes destruir toda a sua credibilidade.

Tenho que atacar-lhe no ponto fraco, hei de matar-lhe a esposa.

Não tenho nada contra Stela mas tenho certeza que no outro mundo ela entenderá que não a matei por desconsiderá-la.

Quando a melancolia destruí-lo, ele beberá do vinho que tenho guardado e se humilhará pelo povoado de forma que, com o tempo, os aldeões não mais o admirarão e eu estarei lá para assumir o poder desse lugar.

É ridículo, eu sei, pois o imperador me oferece um cargo elevadíssimo mas eu estava é iludido na noite passada.ele deve estar a enganar-me e não posso me deixar levar por ilusões pois ele pode matar-me quando bem entender.

Assim que eu tirar o crédito de Matias, tratarei de fazer o mesmo com Emanuel pois ele só tem Matias para defendê-lo do julgamento feito pelo povo de forma que queimá-lo não será uma tarefa difícil.

De qualquer forma, tomar as terras dele não será problema tendo em vista que ele é muito fiel à igreja.

Na verdade, se os que aqui comigo vivem não sentissem terror ao se apresentarem diante dele eu já teria dado moradia a ele e tomado posse de todo seu ouro.

Ora, se já é roubado, qual é o problema de outro indivíduo apropriar-se dele?

E se há problema, desde quando justiça ajudou alguém em alguma coisa.

Coitado do Augusto, eu o iludi com essas noções de justiça mas sinto mesmo que ele nasceu tolo, que veio idiota de berço de forma que eu não poderia ensiná-lo a ter a malícia necessária para viver no mundo real.

Daqui a uma semana os soldados chegam, vou preparar o vinho par Matias e guardar um pouco para mim pois acho que será divertido assisti-lo chorando.

Ficará como Augusto, se não se matar vira noviço, perdendo toda a autoridade como homem de valor, os homens o terão na conta de miserável e ninguém segue alguém que não admira.

Nessa semana tenho que tratar de conquistar Emanuel para que ele não seja um risco para mim e, além disso, tenho que treinar Augusto para conquistar um pouco de admiração, mantendo-se sempre submisso à mim e me elogiando sempre que pode, como já faz mas sem receber crédito algum.

Antônio deitou-se para descansar um pouco. Já era velho e estava longe de ter a disposição de Augusto.

Mas, como para ele a reza valia apenas quando sabiam que ela estava sendo feita, bastou de dormisse em silêncio para que o admirassem da mesma forma.

Gritos saíram do quarto de Augusto, ele parecia desesperado e Antonio logo levantou-se, embora inicialmente se demonstrar desespero.

Assim que viu Maria correndo em direção à porta do aposento de Augusto, pôs-se com face desesperada e segui-a apressado para o quarto do noviço.

Chegando lá, as freiras não ousavam entrar naquele lugar que era permitido somente para homens e Antônio entrou:

- Gabriela!

- Larguem ela!

- Não!

Augusto se debatia como se alguém o segurasse e derrubava os panos da cama.

Antônio o acordou

(ler Augusto parte 2)

- E então, padre Antônio, está tudo bem com Augusto.

- A sim, Maria, ele só acabou pegando no sono e teve um pesadelo

- Ah, que bom, mas que susto que esse noviço me deu!

- E a mim nem se fale, Maria, nem se fale.

- Enfim, o importante é que tudo está bem, reze para que nada de mal lhe aconteça e para que ele não mais seja atormentado por sonhos dessa espécie.

- Padre Antônio, Stela, esposa de Matias, está na igreja e deseja ter com o senhor. Disse Josefina afobada por vir caminhando mais depressa do que estava habituada.

- Oh que bela surpresa, hei de vê-la agora mesmo

Antônio foi para o banco da frente da igreja e sentou-se ao lado de Stela que o esperava com um sorriso de esperança.

- Ah, senhor padre, que bom que pudeste interromper tua reza para ter comigo!

- Eu e Matias estamos realizando um Jantar em nossa casa e gostaríamos que o senhor viesse.

- E querem mais um homem para comer ás suas custas? Disse Antônio em um tom bem humorado.

- Mais um homem honrado para comer conosco, senhor padre.

- Não vejo porque recusar, estarei lá logo daqui a pouco, espere só que eu me apronte e já estarei lá.

- Que ótimo senhor padre, que poder comparecer no nosso humilde jantar!

- Não sou tão boa cozinheira quanto Josefina mas espero que gostes do banquete que preparei para hoje.

- Apreciarei a companhia e, tenho certeza, o banquete.

- Falando em preparar o banquete, tenho que terminar de preparar tudo, espero o senhor em nossa casa.

- Certo, filha, vá com Deus e que Ele a proteja.

- Não é necessário desejar o mesmo para o senhor, mas o desejo da mesma forma

- Me diga uma coisa, Stela.qual será o nome de teu filho se for um homem.

- Matias, senhor padre, o nome do homem mais honrado que conheço.

Antônio engasgou-se por uns instantes.

- Uma ótima escolha, é claro, sabia que teu instinto materno não te deixaria na mão.

- Muito obrigado pelo elogio

1 comentários:

Gugams disse...

Bela história, Silas
Continue avançando que construirá um grande livro que se tornará cada vez mais interessante depois que essas histórias paralelas se cruzarem
Está utilizando muito bem seu conhecimento e criatividade