Etiam placerat

usarei este blog para postar pequenas estórias de alguns personagens de um livro que estou escrevendo: o enigma da imortalidade.
em suma, esse livro é sobre uma mulher que é imortal e que está contando sua experiência para um escritor.
cada um desses personagens entrará em contato com essa mulher e suas estórias no blog acabarão quando eles cruzarem o caminho dela.
assim sendo, para continuar a ver as estórias desses personagens deve-se ler o livro que ainda estou escrevendo.

fique atento se gostar des estórias: postarei em partes duas vezes por semana.

Encuesta

Emanuel

O anjo da morte o perseguia e por mais que ele corresse parecia estar andando para trás.
- Pare aí Emanuel, pois longe do significado que seu nome tem tu estás.
- O que fiz eu para merecer a morte?
- E pensas, caro amigo, que vim aqui para te matar?
- Isso seria um desperdício, poucos nesse mundo são tão amigáveis para comigo.
- Eu me sinto amado perto de ti Emanuel!
- Eu te odeio, fique longe de mim!
- Não resista, negar-se a si mesmo não é uma forma feliz de se viver. e eu te digo, amigo, que Deus lhe quer feliz.
- Fico mais feliz morto do que dando ouvido a você!
- Sabes bem que nós somos um e que não há nenhum anjo da morte.mais cedo ou mais tarde seremos carne da mesma carne e tu saberá teu destino.

O galo cantou, o sol ainda não nasceu mas já é hora de se preparar para, assim que a igreja for aberta pelo noviço, rezar.

Emanuel fitou o próprio rosto e viu uma pequena mancha de sangue em sua testa.era o sangue de uma vaca.mas não de uma vaca qualquer.era o sangue que o fazia se sentir vivo.

- Saia desta casa satanás, pois aqui é morada de Deus!
- Não permito tua presença aqui, saia imediatamente!

Floripes, uma das freiras, estava olhando-o do lado de fora e Deus sabe o que ela fazia fora tão cedo.

Ela tentou esconder-se e observá-lo mas ele a viu. viu em seus olhos que ela o considerava um louco, que sentia ser ele a cópia de seu pai.

- Você pensa que sou atormentado pelo sangue de meu pai, mulher?
- Vamos! Responda-me!

Floripes voltou-se para trás com medo e andou rápido para dentro da igreja pela entrada de trás.

- É isso que queres não é demônio?
- Que pensem que sou louco!
- Já que estás em meu corpo vou mostrar-lhe como posso ser louco!

Emanuel pegou a vara que usava para açoitar os cavalos e tirou a camisa.

- Grite agora, demônio covarde, abra sua aboca agora!

bateu com força nas costas, seus braços eram fortes e saiu um pouco de pele com o impacto.

- Você sente, demônio!?
- Sente a minha dor?

E ficou lá batendo-se até o sol se mostrar.

- Isso!Tu não podes comigo quando Deus manda o sol. vá covarde, esconder-se que eu me refugiarei nos braços do pai!

Ele vestiu-se e a camisa eu ficava em contato direto com a pele ficou suja com o pouco sangue que escorria por suas costas já to marcadas.

A igreja era visível de sua casa mas devia estar a um quilômetro de distância e o caminho que ele percorria todos os dias já estava como terra batida apesar de só ele pisar.

Emanuel era um gigante, e, assim sendo, acabava assustando as pessoas, sobretudo as crianças que tanto o agradavam.
Elas corriam tão despreocupadas...
Era como ele queria ser:sem ter que ser temido, sem ter que ser atormentado.
Queria somente correr pelos campos, fazer alguma brincadeira e sentir a alegria daquela tão doce loucura que era a infância.
No caminho ele lembrava-se de um dia em especial de sua infância...

- Vamos Emanuel, venha e vou te mostrar o que é viver!
- Já vou pai, o senhor tem pernas grandes e não posso acompanhá-lo!
- Vê, meu filho, aquela ovelha?
- Comprei-a para ensinar-te a arte que vive em nosso sangue.a arte da dor.

Emanuel só queria fazer seu pai orgulhoso, pois era tudo o que ele tinha no mundo e sua mãe havia morrido do parto.
Isso segundo seu pai, pois ele chegou em santa ágata já com Emanuel andando e nunca quis falar para ninguém sobre suas origens.nem mesmo para Emanuel.

- Olha bem, Emanuel, para o rosto dessa ovelha.
- Olha o sofrimento dela.

Emanuel derramou uma lágrima ao ver seu pai cortar fora uma das orelhas da ovelha.

- Porque fazes isso, pai, o que a ovelha fez?
- Nasceu, filho, e isso já basta.
- Tenta também você.

Emanuel empunhou a faca com naturalidade apesar de nunca ter posto uma na mão.

- Pegaste perfeitamente, filho, até que enfim Deus me mandou um com talento!

A ovelha se debatia tentando livrar-se das cordas enquanto Emanuel se aproximava sem emitir um som sequer, sorrateiro como um tigre.

- Não sentes ela te convidar para que a mate?
- Mas agora, meu filho, te ensinarei algo que tu não conheces.
- Antes de matá-la e provar um dos grandes prazeres do nosso sangue vou ensiná-lo a fazer isso bem feito.

Emanuel estava hipnotizado e nunca soube se era pela autoridade do pai ou da vontade inerente de matar.

- Corte com calma, Emanuel, temos toda a noite.

Emanuel abriu a boca da ovelha que lutava para mantê-la fechada e colocou a faca dentro.

Fez carinho na cabeça do animal e foi acalmando-o enquanto seu pai assumiu uma postura curiosa e quase decepcionada.
Repentinamente ele puxou a faca e cortou um pedaço da língua da ovelha que ficou desesperada.

- Pega, pai, esse é meu presente para ti.

Emanuel sorriu radiante ao ver que seu pai se orgulhara de sua frieza e de como cortara a língua da ovelha.
A igreja chegou e sua lembrança foi interrompida pelo noviço augusto desejando bom dia com um olhar meio desconfiado igual ao de todos na vila.
A igreja estava aberta mas Augusto estava pegando água e as freiras estavam cada uma exercendo suas funções.
Um outro camponês devoto chegou depois e tinha a altura de Emanuel de joelhos

- Eu, com o teu tamanho, alcançaria os céus! Disse o camponês tentando ser amigável

Emanuel não deu atenção e continuou suas preces apesar de essa frase significar muito para ele pois ninguém lhe dirigia a palavra.Deus era mais importante e Deus o protegia do diabo.ele não podia mais baixar a guarda e voltar a sorrir, isso já tinha custado uma vaca para Matias, seu único amigo.

Finalmente o padre chegou.

ler Antônio parte 1

Depois de rezar por toda a manhã, Emanuel saiu da igreja e foi andando vagarosamente para a igreja fugindo das lembranças do pai usando o nome de Deus.

Alguém atirou uma flecha, será que finalmente Matias estaria ensinando seu irmão a atirar?

O arco estava guardado já a uma semana para ítalo e já era hora de dar-lhe o presente.

Ler Matias parte 1.


Parte 2

- Vem comer conosco, Emanuel, Stela está a preparar um lanche apetitoso.disse Matias
- Não se preocupe, Matias, da fortuna de meu pai ainda tenho muito e comprarei algo já pronto para comer. Tenho muito trabalho para fazer esta tarde aqui em casa e tenho certeza que seus funcionários não pensariam bem de ti se me recebesses assim em tua casa.
- Se preferes comer sozinho e rápido que assim seja.só não penses que eu me importo com o que pensam meus funcionários de mim e que tenho vergonha de ser teu amigo.
- Venha comer conosco ou eu atiro em você! Disse ítalo puxando a corda do arco e sorrindo.
- Se atirares farás um furo em minha barriga e a comida que eu comer sairá da minha barriga.peço clemência senhor arqueiro.
- Pare, ítalo, de incomodar o homem, vamos logo que Stela já nos chama.

Os dois foram andando pelo caminho de terra batida até o povoado.
Logo que eles saíram chegou o mesmo aldeão que o elogiara a altura na igreja lhe trazendo uma vasilha com carne cozida.sem trocarem nenhuma palavra o aldeão lhe deu a vasilha, pegou as moedas de prata, e se retirou.
Ele comeu rápido como sempre fazia e saiu para buscar madeira na floresta.

Emanuel queria deixar seu legado: ele não tinha filhos e dificilmente alguma mulher o quereria.além disso, nenhuma família do povoado permitiria que uma filha se casasse com o filho do assassino.
Ele queria, instintivamente, deixar seu ensinamento de morte, de assassínio, de dor...
Ítalo era a única criança que, a partir de hoje, entraria em contato com ele e isso lhe pareceu sensacional: foi como ter ganhado um filho.
Matias, provavelmente, iria querer o irmão estudando mas ele trabalha no campo e não tem condições de monitorar as ações do garoto e eu posso ensiná-lo a caçar.
Ele passou o resto da tarde fazendo flechas e, em alguns momentos falava sozinho como quem deixa um pensamento sair alto demais:

- Sim!
- Perfeito!

Não havia como contar tantas flechas e ele as foi escondendo pois tinha a impressão de que alguém, de algum lugar o observava.
Começou a escurecer e Emanuel voltou para a igreja a fim de rezar.
Como aquele caminho lhe trazia lembranças.sua mente retornou ao mesmo dia que ele lembrara pela manhã.

Seu pai engoliu a língua:

- meu estômago agradece. com um filho como tu nenhum homem morre de fome.
O pequeno Emanuel começou a andar em volta da ovelha com um olhar reflexivo e passava a faca sobre a pele dela sem cortar.

- estás com medo de cortá-la, Emanuel?
- estás com medo que eu não a corte, pai?
- isso se incomoda, não é?

O homem caiu nas gargalhadas: realmente tinha caído no truque do garoto.
Emanuel cortou a pela da ovelha devagar, só na superfície da pele e colocou sua mão na parte interior ignorando totalmente os berros e movimentos bruscos.
Ele abria e fechava as mãos dentro da ovelha desesperada e isso parecia, lentamente, o empolgar.
Ele fitou sua mão e foi fazendo vários pequenos cortes pelo corpo do animal e parecia ir se possuindo por uma espécie de força oculta mas ainda resistia e continuava a sorrir cortando-a e fazendo carícias.

- dá-me um punhal menor, pai.
- sim, esse aí mesmo, perfeito.

Ele foi abrindo a boca lentamente soltando um suspiro e então deu um passo para trás.
O pai olhava curioso para saber quais eram as intenções do menino, estaria ele suspirando de remorso?
Ele retraiu os lábios deixando os dentre amostra, fez uma expressão furiosa com as sombrancelhas e gritou pulando na ovelha.
Começou a apunhalá-la e gritva a cada perfuração como se sentisse prazer a cada buraco feito na carne do animal.
Apunhalava-o co tanta fúria que nem ouviu o pai dizendo que queria um pouco para si.
Mas seu pai não queria mesmo ser ouvido, estava orgulhoso do filho.
A ovelha caiu e ele sentou-se sobre ela com as pernas abertas, dessa vez não só perfurando mas também fazendo cortes profundos no animal que exibia já pouca resposta aos estímulos.

- Maldito animal fraco!

Desferiu um ataque no pescoço do animal e levantou-se logo se jogando de costas no chão de braços abertos e sorrindo.

- Eu na tua idade só matava coelhos, filho!
- Eis aí o que uma boa educação pode fazer para o auxílio do nosso desenvolvimento!
- Demônio!, demônio!

Eram os aldeões que viram o menino matando o animal.

- É o demônio querendo corromper o pobre menino.
- Morte ao demônio!
- Morte!

Emanuel olhava curioso e meio maldoso para os aldeões que o “protegiam” de seu pai colocando-se entre os dois com pedaços de madeira na mão.
Ainda há esperança para o menino, quanto ao pai, queimem! Disse Antônio seguido por um brado dos aldeões.

- quem aqui é homem para me prender?
- rende-te ou enfrenta-me!
- então és tu, José, o louco?
- tu morrerás! Disse José gritando.
- afastem-se todos. Disse José empunhando sua espada de dois gumes.
- afinal, qual é o seu nome?
- O meu nome é o que você quiser.eu nunca me chamo a mim mesmo e para mim mesmo não tenho nenhum nome!
- demônio, hoje encontrarás teu fim!

Os dois homens começaram a lutar e todos temiam por José por ele ser muito menor do que seu oponente.
De repente, depois de esquivar-se de um golpe de gigante, José perfurou sua barriga rapidamente e logo tirou de lá sua espada se defendendo de outro ataque.

- acabe com o meu sofrimento, disse o gigante deitado no chão.

José se aproximou com um punhal para feri-lo no coração e ele o surpreendeu com uma segunda espada perfurando-lhe a barriga.
Os dois caíram e os aldeões logo tentaram socorrer seu moribundo senhor sem sucesso.
O menino Matias foi trazido pelo padre. Só tinha 4 anos anos.

- O senhor caiu, pai?

José morreu deixando uma lagrima no rosto.

- O senhor não pode dormir quando cai e se machuca, tem que fazer um curativo!
- Acorde pai! Acorde!
- Os aldeões choravam pela inocência do menino e diziam o mesmo no seu coração.

O gigante não estava morto, apesar do ferimento igualmente grave.

-Queimem o demônio assassíno!

Ele chegou na igreja e rezou até ficar tarde e depois foi-se para casa deitando-se cedo e esperando ansioso o dia seguinte.

Augusto

Na penumbra da Noite Augusto caminha recordando-se de Gabriela.
Como o diabo assumia formas graciosas não só fisicamente mas de alma.homens sem fé jamais resistiriam a algo tão intenso quanto aquele diabo.
Ele queria um tempo só, as freiras já dormiam e o padre estava fora, longe dali.
Caminhou para a casa de Emanuel pois era um canto deserto e tinha uma grande pedra de onde se podia ver todo o povoado.
Sentou-se La e lembrou dos sorrisos, das declarações e dos dias que passou mal e que foram iluminados por Gabriela.
A lua estava cheia e todos dormiam Matias e Stela lhe lembravam os tempos de profano, os tempos em que tinha esperanças de fixar uma vida nesse mundo material tão cruel.
Estaria Matias sendo tentado pelo Diabo?
Certamente não, Stela foi criada com os dois e Gabriela era uma estrangeira, vinda diretamente do inferno.
Emanuel saiu de sua casa pela porta de trás meio perturbado e tropeçou uma rede caindo no chão com seu enorme corpo.
Ele na tirava as mãos da cabeça e não parava de gritar: vá embora, demônio, vá embora!

Augusto decidiu seguí-lo e ver o que ele faria na madrugada ao ver que ele se dirigia para os campos de Matias.
Ele era moído por um desejo ambíguo: por um lado ele estava curioso para saber o que Emanuel estava prestes a fazer e por outro ele queria ver Matias e Stela deitados juntos e imaginar-se com Stela.
Imaginar que poderia ter sido ele o feliz no mundo material e nunca provar a salvação eterna.
Augusto decidiu manter uma distância considerável de Emanuel pois viu que ele tinha em mão uma espada de dois gumes afiada.era como se tivesse saindo para matar alguém.

- Você sou eu, vou te mostrar que falo a verdade. Gritou Emanuel.

Talvez fosse um daqueles casos em que os indivíduos andam por aí desacordados como que mortos em vida.
Tinha que ser, Emanuel não falava coisa com coisa.
Ele não foi para a casa de Matias e sim para o pasto e começou a acariciar uma vaca.
Talvez o sonho dele fosse cuidar dos negócios de Matias, o único ali a lhe dar algum crédito.
A vaca acordou se levantou.deixou-se guiar por Emanuel para a pedra e Augusto escondeu-se no meio das árvores enquanto ele passava, bem acordado e, aparentemente, de gentis feições.
Ele amarrou os quatro membros da vaca na pedra. Será que ele queria roubá-la?
E porque ele faria isso?
Amarrou a boca do animal e seu pescoço o deixando totalmente imobilizado.
Não estava fazendo ou dizendo coisa com coisa.talvez estivesse mesmo dormindo, mesmo de olhos abertos.
deu um tapa na própria cara e começou a gritar.

- Não ouve ela te chamar?
- Sabes bem o que queres fazer, porque não fazes?
- Não tente me dizer o que quero e o que não quero fazer!

Ele puxou o rabo da vaca e ela tentou mugir alto mas a corda que lhe amarrava a boca abafou o som.a luz da lua se refletiu na espada quando ele a ergueu e cortou o rabo dela fora.

- Ai meu D...

Augusto tapou a boca para não ser ouvido e Emanuel parecia não ouvir nada.
Emanuel começou a bater na cabeça do animal com o rabo como quem chicoteia a um cavalo e depois começou a bater nas próprias costas.
Abraçou o pescoço da vaca e bateu leve e repetidamente com o cabo da espada na testa do animal que se debatia constantemente desesperado tentando escapar de qualquer forma.

- Não resista, você sabe que isso me faz ficar fora do controle!
- Não pode, como não pode?
- É claro que pode!

Ele parecia falar com a vaca, era como se ela realmente fosse o entender que ele falava.
Ele começou a passar a lamina pela pele do animal sem cortá-lo e colocou sua testa no crânio do animal.
Em um movimento giratório ele abocanhou a orelha do animal e puxou-a arrancando com facilidade.
Parecia estar mastigando mas não engoliu.
Estaria ele possuído? Estaria, de alguma forma, fora de si?
Augusto não sabia e aquelas coisas o mantinham em estado de inércia, ele não conseguia tirar os olhos daquele evento assombroso.

- Podes me ouvir agora?
- Reponda-me!
- Neste caso não poderei te poupar, pois se há uma coisa nesse mundo que me desagrada é ser ignorado e tu me ignoras como se eu fosse menos que tu.
- Agora te mostrarei quem é menos e quem é mais seu insolente.

Emanuel começou a chutar a vaca na barriga com força e foi fazendo isso até se cansar e cair no chão.
Caiu dando gargalhadas e se debatendo.

- Não vês o que te faz feliz?
- Isso é que é viver!

Com estaria ele falando, afinal, será que com a vaca, será que ele sabia da presença de Augusto?
Levantou-se, agora aparentemente calmo, e foi andando em direção à que estava totalmente apavorada e sangrando no rabo e na orelha.
Emanuel virou-se d costas para a vaca e augusto se escondeu nos arbustos para não ser visto.
Abriu os braços, sorria como o homem mais feliz do mundo.
Mexia com os lábios mas não emitia um som, parecia estar rezando...
Voltou apunhalando o pescoço do animal com violência e começou a esfolá-lo com um sorriso que Augusto nunca tinha visto naquele rosto bruto.
Augusto ficou sem ação, não conseguia se mover diante do que via.
Sentia pena do animal mas não interromperia o massacre não só por medo mas por estar curioso sobre como aquilo terminaria.
Emanuel correu dali para dentro de casa e pode, Augusto, ouvir um barulho de coisas sendo derrubadas.
Ele saiu novamente quando Augusto estava já saindo do meio do mato para assistir de perto da casa e este, vendo isso, se escondeu rapidamente.
Emanuel soltou as cordas e foi levando os pedaços da vaca para trás da pedra.
Depois de terminar o serviço Emanuel entrou em casa e não saiu mais.
Augusto saiu desconcertado e foi até a casa de Matias olhar ele e sua esposa dormindo.
Como o demônio era ambíguo! seria aquele o mesmo destino de Matias?

Ele voltou para a igreja e encontrou floripes acordada se apressando para contá-la o que acabou de ver:

- Aquele Emanuel é mesmo um assassino como o seu pai.
- Acabei de vê-lo esfolando uma vaca!
- Conte-me detalhes, augusto.

Augusto contou tudo o que vira Emanuel fazer e, na empolgação de ouvir o relato, e depois, pelo horror que sentiu, floripes nem lembrou-se de perguntar o porque de Augusto estar fora.
Amanheceu e, mesmo tendo ido dormir tarde, Augusto levantou-se para ir buscar a água.
Antes disso foi abrir a igreja e, ao ver que Emanuel se aproximava logo foi-se correndo buscar a água com medo dele.
Aquele caminho era especialmente difícil de percorrer para Augusto pois ali mesmo Gabriela morrera e ela não sabia se deveria sentir saudades ou alegria por ter se libertado.
Mas, independente do que ele deveria sentir, ele sentia saudades e que Deus lhe perdoasse se isso era errado.
Ele voltou e encontrou o padre.

Ler Antônio parte 1


Parte 2

O almoço estava, como sempre uma delícia, mas Augusto não deixava de pensar na noite passada.
Se por um lado aquilo que ele viu ocupava sua mente, por outro o motivo de ele ter saído naquela noite não o abandonava.

- Vou rezar, Josefina, que Deus lhe abençoe por ter-me cozinhado um prato tão delicioso

Chegando no seu dormitório, onde ficava sempre sozinho, Augusto, muito reflexivo, deitou-se na cama para pensar um pouco em tudo o que havia acontecido.
Ele não sentia pena do animal, apenas tinha medo de que Emanuel decidisse.
O sol mandava sua luz pela janela queimando seus olhos e ele virou-se de lado e fechou os olhos.
A noite passada havia sido longa e ele acabou pegando no sono e teve um sonho:

- Acorde Augusto, estou de volta.
- Gabriela? Mas... você não...
- Não faça perguntas demais Augusto, venha comigo até o poço, quero falar contigo.
- Mas o que queres falar comigo Gabriela, diga logo!
- Deixa de ser impaciente e vem comigo!

Eles saíram pela portas dos fundos da igreja e tudo estava como era a 5 anos atrás.

- Estavas sonhando comigo, Augusto?
- Parecias aflito...
- Eu estava tendo um sonho horrível, Gabriela, sonhei que te matavam, sonhei que era infeliz.
- Que bom que acordaste, nem sonhe com uma coisa dessas.
- Espero mesmo não sonhar mais com isso, mas diga-me logo, o que queres falar comigo?

Gabriela não respondeu à pergunta e os dois continuaram em silêncio para o poço.

- Chegamos, Gabriela, agora podes falar-me?
- Ah sim, agora posso mas não sei por onde começar.
- É uma coisa difícil de dizer, porque não tentas adivinhar?

A única coisa que augusto podia ver naquele olhar inocente e recatado era amor, mas ele não podia arriscar-se num palpite desses.

- Não sou exímio leitor de mentes, Gabriela, se tu sabes que sou ansioso porque não me dizes logo?
- Bem, augusto, é que é difícil dizê-lo assim, dá-me um tempo e acharei uma forma de te dizer isso

Passaram-se uns 20 segundos e Gabriela continuou

- Eu estou sentindo algo muito especial que gostaria de compartilhar contigo
- O que sentes, Gabriela, não te entendo.

Gabriela fez uma cara de ansiosa pois queria que ele entendesse logo o que ela queria dizer e augusto queria ter certeza de que entendia a coisa certa.

- Eu estou sentindo, Augusto, por ti, algo de...

A fala foi interrompida pelo assalto de dois bárbaros ambos robustos e enormes.

- Ora vejam só o que achamos!
- Gabriela!
- Quem são vocês, como sabem meu nome?
- Não te faças de boba, menina, sabemos muito bem que tu és!
- Não sei do que vocês falam
- Deixem-na em paz! Disse augusto tentando defendê-la dos homens que a seguravam com força enquanto falavam.
- Então é esse rapaz raquítico que tu enganas agora?
- O que a senhorita vê neste fraco aí?
- Não é da sua conta seu grosseiro, agora me solte pois tenho certeza que estás me confundindo com outra pessoa.
- Tu nos enganaste, mas agora és nossa e pagará por ter-nos feito de idiotas!

Um dos homens segurou Augusto e o outro derrubou Gabriela no chão.

- Gostas desse aí ou o enganas?
- Não nos importa, ele sofrerá por sua culpa!
- Augusto!!!

O homem começou a rasgar a roupa de Gabriela e augusto acertou a cabeça na boca do bárbaro que o segurava correndo, em seguida, em direção à Gabriela para salvá-la.
O outro bárbaro logo se levantou ao ver isso e acertou-o na face e, aproveitando-se dessa distração Gabriela pôs-se a correr sem muito sucesso pois o gigante rapidamente a capturou e a trouxe de volta ao passo que o primeiro golpeou Augusto algumas vezes o deixando meio zonzo e incapaz de reagir às agressões.

O homem continuou a tirara roupa de Gabriela:

- Tu te lembras quando tiraste tua roupa para mim?
- Lembras quando tiraste tua roupa para meu amigo?
- Nós te amamos, te daríamos nossa vida e tu nos humilhaste, quase fez nossa amizade acabar!
- Maldita, hoje encontrarás teu fim.mas antes quero deleitar-me mais uma vez com ter corpo e meu amigo também.
- Seria um tremendo desperdício matá-la sem violá-la.

Gabriela começou a debater-se e arranhou o rosto do bárbaro que sorriu e esmurrou-a na face com força quebrando seu nariz.

- Não me faça ter que dsfigurar teu rosto, quero vê-lo bonito enquanto tomo posso de teu corpo e sou solidário também com meu amigo.

O homem tirou toda a roupa de Gabriela e jogou-a sobre a terra pequenas pedras machucando, assim, sua pele delicada.
Colocou seus dois braços sobre os dois ombros dele e apoiou grande quantidade de peso neles de forma que se deslocaram e começou a violá-la

- Gabriela!!!!
- Augusto!!!!

Augusto se debatia mas não podia livrar-se do bárbaro que murmurava algo que el não entendia bem

- Não... rameira... mentirosa...
- Malditos sejam! Deus os punirá!

Os bárbaro que segurava Augusto bateu-lhe nos ouvidos como sinal de que o queria quieto.
Augusto fechou os olhos e começou a chorar desesperadamente.

- Abre teus olhos, covarde, e verás um dia que ele paga pelo que merece!
- Ei, não sejas assim gentil!
- Bem sabes que essa rameira gosta de ser violada, pode desfigurá-la que não me importo com o bem estar de gente como ela.

O outro homem começou a dar tapas com toda a sua força e suas mãos grossas na face de Gabriela que gritava coisas incompreensíveis.

- Já é sua vez, amigo, deixa que eu seguro o magricela aí e venha banquetear-se.

De alguma forma Augusto gritou com todas as forças e, de repente, uma flecha perfurou o pescoço do bárbaro que havia dado um chute nas costas de Augusto derrubando-o no chão

- Augusto, não levante-se. Disse Matias

Uma outra flecha voou sobre o ar atingindo o peito do outro bárbaro e Gabriela pronunciou palavras:

- Matias, meu salvador...
- Ninguém vai te salvar, maldita!
- Tu vens comigo!

O bárbaro apanhou um punhal e golpeou o pescoço de Gabriela, Augusto gritou agora com tanta intensidade que as veias de seu pescoço pareciam sobressaltar-se e seus olhos estavam cheio de lagrima e arregalados. mais uma flecha voou pelos ares acertando o olho direito do bárbaro.

Gabriela prununciou algumas palavras confusas engasgando-se com o próprio sangue

- A padre... amor... verdade

Augusto não conseguia fazer nada, estava paralizado sua dor era tão intensa que sua alma saíra de seu corpo.

- Não é justo, Matias, não é justo...
- Augusto, abraça-me amigo!
- Estou aqui...

Augusto foi acordado por Antonio que entrara em seu quarto ao ouvir a gritaria.
A cama estava toda suja de saliva e lagrimas além de estar desarrumada por causa dos movimentos violentos que el havia feito enquanto dormia.

- Com o que sonhaste, Augusto?
- Sonhei com o diabo, padre, com o diabo...
- Reze, augusto, peça ao senhor para livrar-te.
- Só assim poderás dormir à noite.
- É culpa minha pois eu estava para rezar e acabei por dormir. Fui fraco na fé mas o diabo, apesar de não querer, agora ajudou-me a ser mais devoto à Deus.
- Volta a dormir, Augusto, a tarde já se passou e é tarde da noite.
- Amanhã conversaremos pois estou cansado.
- Vou rezar pois já dormi e não tenho sono, amanhã nos falamos, então

Antônio saiu e Augusto rezou até ficar com sono e dormir de novo, dessa vez sem sonhos.

Antônio

Ele voltava de uma de suas eventuais visitas ao imperador numa carruagem meio lenta porém confortável.ponderava sobre coisas que gostaria de ter dito de outra forma, coisas que poderiam tê-lo feito ser mais convincente, que demonstrariam mais firmeza.mas o importante, agora, era que o imperador o ter apoiado e que ele aspiraria ao bispado, cargo ou posição, como preferir o leitor, que lhe garantiria mais prestígio e poder.o tempo foi passando e ele acabou adormecendo.

Sonhou com um cavaleiro de armadura pesada que, apesar disso, andava mais rápido do que qualquer cavaleiro que ele já havia visto.

Os cabelos longos do cavaleiro eram negros e voavam.

Era noite mas a luz cheia iluminava perfeitamente aquele cavaleiro misterioso.

Ele chegou no palácio do imperador e desceu do cavalo que logo caiu no chão, talvez cansado.

De repente todos os soldados caíram por terra como se não tivessem em si nenhuma energia, caíram dormindo e alguns sorriam.

O cavaleiro entrou no palácio e viu-se duas sombras conversando.o que falariam?

Não era possível ouvir.

O cavaleiro ergueu a espada como quem mataria a outra sombra que, intuitivamente, no sonho, sabia-se ser o imperador.

Amanheceu e chegaram em santa ágata.o guia da carruagem estava exausto e, depois de receber seu pagamento e uma benção foi-se para sua pequena casa rever sua família.

- Santo padre, senti sua falta quase como sentiria do próprio Deus se me abandonasse! Disse Emanuel sorrindo

- Desde cedo na igreja, Emanuel, vê-se logo que és homem de fé e íntegro! Disse Antônio

- Gostaria, padre que o que dizes fosse verdade mas a verdade é que pequei.posso confessar-me? Disse Emanuel sem olhar Antônio nos olhos.

- Estou bem disposto hoje, apesar de ter dormido na carruagem, vamos, confessa-te a mim agora.entra comigo à casa do senhor.

- Ah, que bom que o senhor está bem disposto senhor padre, vamos sim e confessar-me-ei com o senhor a fim de obter perdão e auxílio de Deus.

Ambos, então, entraram no confessionário, cada um em seu lugar devido e Emanuel começou a confessar-se.

- Caí em tentação, senhor padre, os demônios que atormentavam meu pai agora me atormentam da mesma maneira.

- Conte-me mais detalhes, Emanuel.

- Pois sim, senhor padre.

- Estando eu a lembrar-me do assassino que foi meu pai questionei-me sobre o porque de eu ainda conservar seu armário lacrado como ele me ordenava quando pequenino. Pois não havia mais porque não usá-lo e guardar meus pertences em qualquer lugar.

- Não saiba eu, senhor padre, que meu pai prendeu, na verdade, os demônios dentro daquele armário e que, assim que o abri foi possuído por um desejo demoníaco de ferir, de matar.

- E ainda criaram, aquelas criaturas demoníacas, facas deveras afiadas e prontas para esfolarem o primeiro que me cruzasse.

- Meu pecado, senhor padre, foi que saí ao campo de Matias e esfolei uma vaca.

- Os demônios, senhor padre, não me deixaram parar, eu sentia prazer em matá-la, sobretudo em ouvi-la gritar como quem diz: socorro, socorro.

- Senti um prazer mesmo parecido com o que sentimos ao comermos quando estamos com muita fome: tudo fica delicioso.

O padre ficou em silêncio por uns instantes e depois começou a falar.

- Cometeste um grande erro, Emanuel, não ao matar a vaca, que também é um erro pois não é sua, mas por deixar que o diabo coloque essas coisas ruins na sua mente.

- Saiba que nós sempre temos escolha, mesmo que o diabo nos tente de todas as formas, e que se rezares sempre que for acometido por esse demônios, Deus te salvará das garras dessas terríveis criaturas tu viverás em paz contigo mesmo e com todos os animais e pessoas.

- Experimente, depois de rezar pelo resto da manhã pedindo perdão aqui na igreja, fazer bem aos animais alimentando-os e acariciando-os e verás que existe ainda outra fome a alimentares: a fome de Deus.

- Verás que, comparando-a com matar, é como comparar o doce com o amargo.

- Em verdade, senhor padre, és homem de Deus e seguirei todos os teus conselhos pois vejo que são bons.

Emanuel ajoelhou-se atrás do primeiro banco e rezou por toda a manhã e, depois de comprimentá-lo, Antônio saiu em direção ao lugar onde Augusto, o noviço, dormia pra inquirir sobre como estivera não só a igreja mas toda a vila enquanto ele esteve fora.

Ele não estava dormindo e nem deveria estar, assim que o padre saiu do dormitório Augusto entrou pela porta de trás, como sempre fazia, com os dois baldes de água que logo deixou num canto para ir ter com o recém chegado padre:

- Seja bem vindo, padre Antônio! Disse Augusto com um brilho nos olhos

- Ó meu devoto noviço, um dia ainda chegas ao lado direito do senhor com tua fé!

- Um lugar em seu reino, padre Antônio, já me basta, mesmo que seja a léguas de distância do bom senhor.

- Esqueça, esse lugar já é meu.disse o padre sorrindo

- Assim me complicas pois se tu ocupas o lugar mais distante e eu tenho que ficar mais distante que ti então não terei eu lugar no céu

- Deixemos isso para que o bom pai decida, agora quero saber como ficou a igreja na minha ausência.

- Ficou ótima, eu mesmo rezei as missas e as irmãs trataram de cuidar da limpeza e da comida com os dons divinos que têm para fazerem isso como ninugém.

As irmãs saíram do seu dormitório vibrando com a chegada do padre, apesar da pouca iluminação era visível que seus olhos se enchiam de lagrimas brilhando ao ver o homem santo do senhor de volta.

- Josefina, Ana, Floripes, Maria!

- Mas que saudade de vocês mulheres santificadas sem as quais não vivo! Disse Antonio com um sorriso não tão empolgado quanto o delas.

- Molestou-as, Augusto, com suas perguntas impertinentes?

- Que nada, tu bem sabes que há meses Augusto deixou de lado esses demônios. Está no caminho de se tornar um verdadeiro santo!

- É, padre Antônio, já superei esses demônios e agora vivo pela fé!

Todos se abraçaram e ficaram daquela forma por uns instantes até que Antônio disse que deveria fazer suas preces e entrou em seus aposentos, que eram separados do dos demais.

Os cinco curiosos, como sempre, ficaram a ouvir o que o padre fazia e ouviram-no se bater com um chicote e dar pequenos gemidos.

- Vêem o que é um santo, sussurrou Augusto, todos nós sabemos que ele não comete pecado algum e mesmo assim se pune como deveria ser punido o pior dos pecadores.

- Quisera eu ter tanta santidade.sorte a minha que ainda sou mooç, quem sabe algum dia não chego a ser como o padre Antônio.

Ao ouvirem pegadas foram-se cada um para sua ocupação e assim ficaram até a hora do almoço.

O padre no interior, ficou a ler seus livros preparando-se para a missa da noite querendo começar logo a por seu plano em prática movendo os pensamentos dos camponeses.

- Está pronto o almoço, padre Antônio, e pelo gosto é bom vires logo senão os anjos descobrirão que nos banqueteamos e levarão tudo o que comeremos para eles próprios! Disse Augusto.

- Já vou, meu noviço, dá-me um minutos e estarei lá.


Parte 2

- A verdade mora no lábio de Augusto, Josefina

- Que esplêndido jantar!

- Muito obrigada, padre Antonio, por ti eu faria mil jantares.

- E a mim me bastaria apenas metade de todo o sabor de tuas refeições.

- Venha cá, me diga uma coisa, o que Matias tem feito em minha ausência, achas que ele é um forte na fé?

- Ah se é, Padre Antonio, é muito devoto como podes ver que agora mesmo se fecha em seu quarto a rezar fervorosamente.

- Ora, se eu não tiver tanto fervor perco o posto de padre para ele, então?

- Na medida de proporções, o senhor receberá o posto de bispo e ele o de padre, se Deus quiser!

- Tenho que ir-me agora, Josefina, é bom saber que tudo esteve bem na minha ausência.

O padre levantou-se da mesa e foi para seus aposentos onde encontrou sua velha caixa de diários e apanhou o mais recente à fim de escrever o que lhe sucedeu na ultima visit ao imperador.:

Esta visita foi-me muito improdutiva, inicialmente, mas depois mostrou-se genial.

Apesar disso, sei que esse imperador é bem traiçoeiro então devo manter-me sempre alerta.

Ele queria que eu ensinasse sua filha sobre a nossa religião e que minha influência acadêmica fosse útil para controlá-la.

Não entendo o porquê, de fato de ele me prometer tanto quanto promete por algo de tão pouco valor como a educação de sua filha e, por isso, pedi a ele que em auxiliasse nesse projeto menos valioso mas que na certa valia meus ensinamentos.

A filha dele saiu para cavalgar mais uma vez de forma que fiquei La com todo o luxo possível, comendo e bebendo do bom e do melhor.

O poder do imperador cresce à cada dia e seus exércitos parecem não sofrer baixas nas batalhas de forma que todos os senhores feudais freqüentam suas festas e elogiam sua qualidade( que nem são tão excelentes).

Eu quis insinuar que era Deus que o auxiliava e ele riu-se de mim como quem sabe a chave para ser vencedor dessa forma em batalhas.

Não posso enganá-lo disso estou certo, mas considero nossa troca justa, afinal tudo o que eu pedi foi alguns soldados para me auxiliarem contra Matias.

Aquela peste ingrata, conquistou a confiança de todos os camponeses de forma que não posso matá-lo sem antes destruir toda a sua credibilidade.

Tenho que atacar-lhe no ponto fraco, hei de matar-lhe a esposa.

Não tenho nada contra Stela mas tenho certeza que no outro mundo ela entenderá que não a matei por desconsiderá-la.

Quando a melancolia destruí-lo, ele beberá do vinho que tenho guardado e se humilhará pelo povoado de forma que, com o tempo, os aldeões não mais o admirarão e eu estarei lá para assumir o poder desse lugar.

É ridículo, eu sei, pois o imperador me oferece um cargo elevadíssimo mas eu estava é iludido na noite passada.ele deve estar a enganar-me e não posso me deixar levar por ilusões pois ele pode matar-me quando bem entender.

Assim que eu tirar o crédito de Matias, tratarei de fazer o mesmo com Emanuel pois ele só tem Matias para defendê-lo do julgamento feito pelo povo de forma que queimá-lo não será uma tarefa difícil.

De qualquer forma, tomar as terras dele não será problema tendo em vista que ele é muito fiel à igreja.

Na verdade, se os que aqui comigo vivem não sentissem terror ao se apresentarem diante dele eu já teria dado moradia a ele e tomado posse de todo seu ouro.

Ora, se já é roubado, qual é o problema de outro indivíduo apropriar-se dele?

E se há problema, desde quando justiça ajudou alguém em alguma coisa.

Coitado do Augusto, eu o iludi com essas noções de justiça mas sinto mesmo que ele nasceu tolo, que veio idiota de berço de forma que eu não poderia ensiná-lo a ter a malícia necessária para viver no mundo real.

Daqui a uma semana os soldados chegam, vou preparar o vinho par Matias e guardar um pouco para mim pois acho que será divertido assisti-lo chorando.

Ficará como Augusto, se não se matar vira noviço, perdendo toda a autoridade como homem de valor, os homens o terão na conta de miserável e ninguém segue alguém que não admira.

Nessa semana tenho que tratar de conquistar Emanuel para que ele não seja um risco para mim e, além disso, tenho que treinar Augusto para conquistar um pouco de admiração, mantendo-se sempre submisso à mim e me elogiando sempre que pode, como já faz mas sem receber crédito algum.

Antônio deitou-se para descansar um pouco. Já era velho e estava longe de ter a disposição de Augusto.

Mas, como para ele a reza valia apenas quando sabiam que ela estava sendo feita, bastou de dormisse em silêncio para que o admirassem da mesma forma.

Gritos saíram do quarto de Augusto, ele parecia desesperado e Antonio logo levantou-se, embora inicialmente se demonstrar desespero.

Assim que viu Maria correndo em direção à porta do aposento de Augusto, pôs-se com face desesperada e segui-a apressado para o quarto do noviço.

Chegando lá, as freiras não ousavam entrar naquele lugar que era permitido somente para homens e Antônio entrou:

- Gabriela!

- Larguem ela!

- Não!

Augusto se debatia como se alguém o segurasse e derrubava os panos da cama.

Antônio o acordou

(ler Augusto parte 2)

- E então, padre Antônio, está tudo bem com Augusto.

- A sim, Maria, ele só acabou pegando no sono e teve um pesadelo

- Ah, que bom, mas que susto que esse noviço me deu!

- E a mim nem se fale, Maria, nem se fale.

- Enfim, o importante é que tudo está bem, reze para que nada de mal lhe aconteça e para que ele não mais seja atormentado por sonhos dessa espécie.

- Padre Antônio, Stela, esposa de Matias, está na igreja e deseja ter com o senhor. Disse Josefina afobada por vir caminhando mais depressa do que estava habituada.

- Oh que bela surpresa, hei de vê-la agora mesmo

Antônio foi para o banco da frente da igreja e sentou-se ao lado de Stela que o esperava com um sorriso de esperança.

- Ah, senhor padre, que bom que pudeste interromper tua reza para ter comigo!

- Eu e Matias estamos realizando um Jantar em nossa casa e gostaríamos que o senhor viesse.

- E querem mais um homem para comer ás suas custas? Disse Antônio em um tom bem humorado.

- Mais um homem honrado para comer conosco, senhor padre.

- Não vejo porque recusar, estarei lá logo daqui a pouco, espere só que eu me apronte e já estarei lá.

- Que ótimo senhor padre, que poder comparecer no nosso humilde jantar!

- Não sou tão boa cozinheira quanto Josefina mas espero que gostes do banquete que preparei para hoje.

- Apreciarei a companhia e, tenho certeza, o banquete.

- Falando em preparar o banquete, tenho que terminar de preparar tudo, espero o senhor em nossa casa.

- Certo, filha, vá com Deus e que Ele a proteja.

- Não é necessário desejar o mesmo para o senhor, mas o desejo da mesma forma

- Me diga uma coisa, Stela.qual será o nome de teu filho se for um homem.

- Matias, senhor padre, o nome do homem mais honrado que conheço.

Antônio engasgou-se por uns instantes.

- Uma ótima escolha, é claro, sabia que teu instinto materno não te deixaria na mão.

- Muito obrigado pelo elogio

Matias

1115d.c, Povoado de Santa Agatha.

A boa sorte de Matias era por muitos invejada: nunca teve que lutar, cresceu junto com a mulher com quem se casou.
Seu irmão, ítalo, tem 8 anos e sua irmã, Lucíola, 17.
Ele se casou na igreja ali próxima e sua mulher já espera um filho: e não é só ela, todos esperam.


Às 7 da manhã Matias desperta, como é habitual, ao lado se sua esposa Stela: a mais bela jovem de todo o povoado.

- Mais um belo dia ensolarado, espero ver todos trabalhando muito na lavoura! Disse Matias
- Já despertaram os dorminhocos apaixonados? Disse ítalo
- Não vá esquecer-se de que prometeu ensinar-me a usar o arco e a flecha, irmão!
- Sabes que tenho trabalho, ítalo, não pegue meu arco longe de mim. Disse Matias
- Sei que tens trabalho, mas uma coisa não sei. se tens palavra.disse ítalo
- Já faz um mês que prometes ao teu irmão. Se não o ensinares logo eu mesma aprendo para ensiná-lo!disse Stela sorrindo
- Está certo, espera que vou preparar-me para sair. Disse Matias
- Olha a tua direita, irmão, deixei tudo pronto para você.


À sua direita Matias viu suas vestes numa cadeira, seus sapatos ali perto, seu arco e seu chapéu.

- Pois bem, moleque obstinado, hoje tu aprendes a manejar o arco! Disse Matias
- Pois bem homem obstinado, hoje tu descobres que teu irmão menor tem melhor pontaria que tu!
- Veremos...vamos, saia que vou aprontar-me Disse Matias
- É hoje, Matias, lembra-te de que data celebramos? Disse Stela
- E como haveria de esquecer? O dia de nosso primeiro beijo! Foi há 12 anos atrás mas é como se fosse ontem!
- Sim, sei, se te lembrasses mesmo saberia que foi a 13 anos e não a 12.
- Ainda não cheguei na idade do esquecimento, Stela, e não vou cair nesse seu truque!

Stela riu baixo e disse:

- Se concordasses comigo sobre o que disse certamente terias de ouvir poucas e boas. Agora para de tagarelices e vá ensinar teu irmão a caçar.
-Não vou ensiná-lo a caçar e sim a atirar com arco e flecha, não o quero matando animais. Disse Matias
- Então vá e que deus proteja a ti tanto quanto tu proteges os animais!
- Eu me mandas embora como se não desejasse minha presença, diga agora que me ama mulher!

Stela deu uma alta risada e segurou com a boca.

- Sabes que adoro quando imitas o costume dos trogloditas?
- Não precisas disso comigo, meu amor por ti é incondicional, amo-te como a mim mesma.
- E eu já nasci te amando, Stela, até mais tarde.

Matias, enquanto conversava com Stela, estava se vestindo. Beijou-a e os dois trocaram aquele olhar dos que se amam.

Um sorri ao ver outro que também sorri por está-lo vendo e depois sorriem ainda mais pelo sorriso do outro. A tendência é ficarem como dois inválidos, mas ele tinha que sair então avisou logo a criada para cuidar dela e saiu com o irmão.

- Vamos matar que animal, irmão?disse ítalo
- Tire essas tolices de tua boca, irmão, com meu arco tu não matas nem uma mosca. prometi ensinar-te a atirar, não a matar!disse matias
- Se um homem possuído pelo diabo quiser te matar posso te defender?
- Bem, nesse caso podes, mas só nesse caso. Ouviste bem? Disse Matias
- Sim, estarei alerta.isso se você me ensinar a atirar! Disse ítalo empolgado e cheio de esperanças.
- Certo, vamos, conheço uma arvore boa onde não passa ninguém.


Foram andando para o canto da vila onde morava Emanuel, o gigante.

Todos por lá o temiam pois seu pai havia sido um grande assassino guiado pelo demônio e criam que filho de peixe, peixinho é.

Matias não julgava ninguém então era o único a falar com Emanuel.

A essa hora Emanuel já estava na igreja rezando e ele ficaria por La até tarde então o lugar estava totalmente deserto.

A maior arvore das redondezas ficava nos fundos da casa de Emanuel e ela seria perfeita para seu irmão aprender a atirar.

- Olha para o meu braço ítalo, e veja se acompanhas meu movimento, mantenha os dois olhos abertos e concentre-se no seu alvo que é aquele tronco grosso logo ali.vou atirar uma vez e verás que não é nada difícil mas que requer dedicação e força.


Matias lançou a flecha com precisão no centro do tronco arrancando um aplauso de seu irmão melhor.

- Um dia serei com tu, irmão! Disse ítalo com os olhos brilhando.
- Um dia serás melhor do que eu pois agora sou homem de negócio e não mais arqueiro!
- Não entendo porque você se mete com esse negócios tão chatos. Eu quero ser um arqueiro valente que luta pelo imperador e o ajuda a conquistar o mundo.disse ítalo
- Antes de ajudares qualquer um a conquistar o mundo deves ajudar seu estômago a conquistar comida, a guerra é perigosa e o pagamento recebido é muito ruim.disse Matias
- De que me importam pagamentos se posso ser um arqueiro?
- Você vai tagarelar ou dar seu primeiro tiro? disse Matias com uma risada maldosa
- Esse arco é grande demais para você, vamos um pouco mais para perto do tronco.
- Ah ah, não sabes que eu sou o melhor de todos quando se trata de trepar em arvores?
- Meus braços são fortes e estou certo de que para atirar me sairei bem daqui!

O menino pegou no arco e logo se via que estava pesado mas ele se esforçou e ergueu bem.apontou, fechou um dos olhos, puxou co toda a força e disparou.

- Hahaha! Bem, acho que isso deve ser bom para começo não é?disse Matias ao ver onde a flecha tinha parado.
- Empresta-me teu arco por hoje, irmão, e melhorarei.
- Estás louco, ítalo, vamos pegue lá a flecha.
- Dessa vez vou te ajudar. Dei-te um conselho e tu não ouviste: mantenha os dois olhos abertos e concentrados no alvo.mantenha a flecha firme e apontada para o alvo sem olhar para ela senão enquanto a prepara no arco.
- Esqueça o mundo, esqueça os sons e as imagens em volta do alvo, só o alvo existe e você tem que acertá-lo.

Ítalo disparou um segundo tiro mas a força da flecha não foi suficiente para ela perfurar o tronco.

- Vou dar-te um novo arco, leve e com boas flechas para praticares mas lembra-te que esse terreno é de Emanuel e que ele não gosta de bagunça então se queres praticar faça isso longe das outras crianças.

Ítalo sorriu radiante:

- Irmão como tu não há!

Ficaram os dois irmãos praticando pontaria com arco e flecha até o horário do almoço quando Emanuel chegou em casa.

-Matias, é bom ver que alguém nessa cidade se importa em visitar-me!

-Deus esteja contigo, Emanuel, estava eu aqui com meu irmão ensinando-o a atirar com o arco e flecha mas ele mal agüenta o peso do meu arco!

-Pois é, Matias, é bom você dizer isso pois eu mesmo fiz um arco pequeno para ele, é leve e resistente mas quando o chamei ele temeu a mim pela fama de meu pai.
- Peça desculpas, ítalo, por ter sido indelicado com Emanuel.não sabes que ele é um homem de Deus?
- Me desculpe, senhor Emanuel, mas é que dizem que o senhor cozinha crianças.
- Dizem muitas coisas, meu jovem, mas te asseguro que sou um homem temente à Deus.

Emanuel entrou em casa e voltou rápido com um arco de madeira e cabo de cipó bem feito.


- Prometo ao senhor e ao meu irmão que vou ser o maior arqueiro de todo o mundo!


Parte 2

Matias insistiu para que Emanuel se juntasse aos dois para ir almoçar pois já era hora mas este recusou.(ler Emanuel parte 2)

- Parece que já sinto o cheiro do almoço!

- Se tua mulher fosse tão boa em cozinhar quanto em encantar eu seria feliz, irmão.

- Ah, cala-te ítalo.sabes que a comida não é ruim.

- O amor realmente fez tua língua perder o paladar!

- E tua idade te faz perder o juízo, pare de falar besteiras e vamos logo para casa.

Chegaram em casa e foram recebidos entusiasticamente por Stela:

- Ah amados de meu viver, espero que amem tanto a comida como eu vos amo

- Pois eu te garanto que a amo mais do que amarei a comida. Disse ítalo sorrindo

- Cala-te logo, moleque, e venha para a mesa! Disse Stela sorrindo.

- Teu presente já está pronto Stela, hoje a noite vamos fazer uma festa e te farei uma surpresa.

- Ah não Matias, me conte logo o que é.

- Dizes que está pronto mas és um fiasco em qualquer coisas que te peça um pouco de destreza.

- Mas não importa, só de ter sido feito por tuas mãos já me é perfeito.

- E pensas que eu seria cruel a ponto de dar à minha amada um presente que só a agrade por causa de sua origem.

- Tudo bem, sei que com uma origem como eu qualquer presente fica ótimo, mas tem que ser especial.tão especial quanto que o vai receber.

- E tu, Stela, tens um presente para mim?

- Ah tenho mas bem sabes que não é surpresa pois já me viste fazendo-o

- Ah sim fabuloso!

- Ah Stela, aquele presente estás dando a ti mesma!

- Minha felicidade não é a tua? Só queria te ver bonitinho, homem, que mania essa tua de se vestir feito trapo!

- Vestido de trapo eu sou teu príncipe, e vestido de príncipe serei teu Deus.

- Um Deus que come comida fria por perder tempo falando bobagens.senta logo e venha comer!

- Deuses vivem de amor, Stela, não vou comer!

- Ou come ou nada de amor!

- Você vive de fazer chantagem!

- É pro teu bem, vamos coma.parece que não gosta da minha comida!

- Ah mas gosto, queres fazer a comida para a festa?

- Pensei que chamarias Josefina!

- Podes chamá-la para ajudar, se quiser

- Eu a chamo para ti, cunhada, é só mandar. Disse ítalo com a boca cheia sorrindo.

- Ora, cala-te, fedelho, está comendo com o maior gosto aí.

- Meu Deus Matias, como podes comer tão rápido?

- Tendo bons camponeses me esperando, Stela, assim que posso!

Matias levantou-se apressado e Stela interrompeu-o:

- E o meu beijo?

- Haha! Passaste no teste!

- Sei, teste...

Eles se beijaram e ítalo tapou os olhos.

- E tu ítalo, vai ajudar-me com o jantar!

- Ah sim, ajudarei a ter algo decente para comer

Matias ouviu isso e saiu sorrindo em direção ao campo.

Antes de chegar lá um de seus funcionários o avistou:

- É ele, é Matias!

Ergueram-se os camponeses e fora em direção à ele

- Querendo nos dar um puxão de orelha não é? Disse um dos camponeses

- Ah ta, como se os melhores camponeses que já conheci precisassem disso!

- Senhor Matias, - interrompeu um dos camponeses – minha mulher quer te fazer um jantar hoje à noite para te agradecer por tudo o que o senhor tem nos feito.

- Ora vejam só, sua mulher querendo me comprar com um jantar

- Não o compra ela pois usa para fazê-lo coisas que são do senhor.

- Haha! Minhas...

- Eu dei de presente, agora são suas, pare com isso que eu estava brincando!

- Hoje, hoje é um dia especial, o dia em que comemoro meu primeiro pecado, meus homens!

- O dia em que decidiu se casar? Disse um dos camponeses sendo seguido por intensas risadas

- Desse pecado eu me arrependo até hoje, mas Matias não deve se arrepender com a mulher que tem

- Pois não em arrependo, hoje comemoro o aniversário do meu primeiro beijo em Stela!

- Vou fazer uma festa e todos vocês estão convidados!

- Ah comida farta! Como tive sorte de fugir daquele feudo e cruzar contigo Matias. Disse o primeiro camponês

- Bem, vamos ao trabalho?

- Temos que lhe falar uma coisa, senhor Matias.

Matias o olhou como quem espera que algo seja dito e um deles continuou:

- Emanuel, aquele assassino, seqüestrou uma vaca e a esfolou na noite passada!

- É, eu vi com os meus próprios olhos!

- Ora homens, não vos contei?

- Eu vendi aquela vaca para ele!

- E porque, senhor, ele a veio buscar no meio da noite?

- Ora, porque vocês o assustam com seus olhares, coitado, ele não tão mal quanto vocês julgam.

- Mas ele matou a vaca, Matias, é um assassino como o pai.

- Quem aqui viu ele matando?

- Ninguém, mas achamos a vaca esfolada atrás da pedra logo hoje bem cedo

- E como sabem que ela não foi morta por animais selvagens?

- És mesmo um santo, Matias, deixe que o tempo dirá qual animal matou a vaca.

- Certo, vamos ao trabalho duro agora e se preparem para a maior festa que o povoado de Santa ágata já viu!

O dia de trabalho não foi lá tão pesado pois, da forma como Matias organizava suas terras, cada um era como se fosse dono de uma parte e isso atraía muitos camponeses.

O trabalho era dividido e Matias ganhava mais porque os camponeses decidiram que ele merecia.

Todas as terras eram tratadas sem um esforço grande demais pois aquela era a única terra onde não se fabricava mais do que o necessário.

O dia passou e Matias foi-se para casa despedindo-se dos camponeses, todos agitados por causa da festa.

- Stela!

- Matias, como você está fedendo!

Matias sorriu e disse:

- E tu cheiras a tempero, vamos tomar um banho!

- Espera só um pouco que tenho que ir chamar o padre

- Ah sim, chame-o que tenho uma confissão a fazer.

- Não apronte, Matias, veja La o que vai dizer ao padre!

- Não confias em mim?

- Confio minha vida a ti, meu amor.

- Estão espera e ouça minha confissão!

- Está bem vou indo, você tem algum recado?

- Convide todos na igreja por mim, por favor.

- Por ti?

- Achas que eu deixaria de chamá-los se tu não pedisse?

- Não, só quero em sentir no controle!

Ela sorriu e saiu indo em direção à igreja...


Parte 3

Os camponeses chegaram e Stela já estava pronta para a festa quando o padre chegou:

- Chegou quem eu estava esperando, disse Matias em voz alta.

- Sabem, meus caros hoje é o dia mais feliz da minha vida!

- Todo dia é o dia mais feliz da sua vida, Matias! Disse um dos camponeses sorrindo

- Exatamente! E esse é o ponto.

- Minha felicidade se refaz e aumenta a cada dia que passa mas hoje é um dia especial pois tenho que fazer uma confissão e me livrar dos meus pecados.

- Perdoa-me padre, pois eu pequei!

Todos riram e o padre se constrangeu

- A exatamente 12 anos atrás eu menti para o senhor padre.

- A nossa aula havia acabado e nós tínhamos que buscar água no poço

- Ou melhor dizendo, era a vez da Stela buscar.

- Tadinha, ela fazia duas viagens com aquelas mãozinhas delicadas

- Eu disse que queria ir com ela para ajudá-la, vocês sabem, pra carregar a água

- Mas na verdade eu estava mentindo!

- Eu levei ela até o poço e a pedi em casamento!

Todos se supreenderam

- E ela disse não!

- Eu tão eu continuei e disse: casa comigo ou te jogo no poço

- Ela sorriu e me abraçou colocando seu queixo no meu ombro direito

- Se você me jogar eu te levo junto. Disse ela.

- Bem então podemos evitar duas mortes com esse casamento!

- Aí meus amigos, eu ergui a cabeça dela, exatamente como eu havia visto um camponês fazer com uma rameira

Todos riram

- Essa parte você nunca me contou, Matias! disse Stela rindo

- Eu não sabia bem o que eu estava fazendo, mas a beijei.

- Aquele foi o dia mais feliz da minha vida amigos, e é isso que comemoramos hoje!

A minha mentira!

- Ora, Matias, pensei que hoje fosse o dia mais feliz!

- E é, meu amigo, naquele dia aquele dia foi o melhor

- Hoje o melhor é hoje

- Porque a cada dia que passa quando sei que estou com Stela, eu fico mais feliz!

- Talvez vocês pensem que essa felicidade é só minha mas não é.

- Porque vocês acham que divido tudo o que tenho?

- Que sentimento nos inspira mais do que o amor, meus amigos

- Um brinde ao amor, disse ítalo, e todos ergueram o vinho

Ítalo ficou radiante, todos o ouviram.

- Esperem senhoras e senhores, eu tenho um presente especial para o Matias no nosso aniversário do primeiro beijo!

Stela ergueu um roupão colorido em que as cores passavam umas sobre as outras como ondas.

Era amarelo, vermelho e azul.

Matias pegou o roupão e vestiu meio desajeitado rindo, já meio alterado por causa do vinho.

- Olhem só o vestido, sou o bobo da corte mais feliz do mundo!

- Onde está minha música?

O filho de um dos camponeses fez um sinal com a mão e começou, junto com mais 3 jovens o batuque animado.

- Dancem, comam, sorriam!

Até o padre se enturmou na dança, os jovens realmente eram bons no que faziam

- Você está perdoado, Matias! Gritou o padre

Todos sorriam, a festa estava animada até que um dos camponeses caiu!

- Ora, você já caiu?

- Não acredito!

- Bem parece que tenho que dar o presente de Stela antes que todos caiam e ninguém possa ouvi-lo!

Matias acenou para os jovens pararem de batucar e começou

- Os senhores sabiam que graças à Stela eu ando com não duas mais quatro pernas?

- Ah, sim, quando nós casamos nossas mulheres montam sobre nossas costas!

Um dos camponeses gritou

- Ah amigo mas minhas quatro sustentações são as melhores!

Uma é maior do que a outra então vou começar a definir da menor para a maior.

- A primeira sustentação que Stela me dá é a volúpia e que volúpia!

Stela enrubesceu e todos riram

- A volúpia une nossos corpos e os torna um. A pele dela me dá de beber e a minha dá a ela de forma que podemos sentir o gosto um do outro.nossa energia jovial nos consome e nossos suspiros ficam gravados no livro dos deuses.

- Mas a volúpia, meu caros, para mim não basta.

- Há mais 3 pernas, certo!

- A segunda é bem maior, a chamo de paixão

- A paixão me faz querer tê-la só para mim e ela ter-me só para ela, faz-nos sentir falta um do outro a cada instante que passamos longe um do outro.

- Nos interrompe no que estivermos fazendo para colocar a outra pessoa na cabeça.

- Cada vez que a pessoa passa diante dos nossos olhos nosso coração queima de desejo, nossa alma queima de fome e sede dela. ela é como uma necessidade vital, sem ela não há vida, não há alegria

- Eu não sei vocês mas quando estou alegre o meu coração palpita, eu fico como uma criança olhando o sol para ver se ele se põe logo para eu poder me entregar para Stela, para passar ao menos um minutinho com ela.

- Há quem diga que tendo esses dois já somos felizes, e talvez sejamos, mas eu tenho mais dois, e os dois são ainda maiores

- O terceiro pé é a amizade.

- A nossa amizade é a prova de que nossa estória de amor não é desse mundo, que é resultado de uma conspiração divina!

- Stela é minha alma gêmea, se é que isso existe, me desculpe padre mas é a única definição que encontro para dar a essa amizade tão incrível.

- Entre eu e ela não há segredos, não há nada que não compartilhemos.

- Nós pensamos e sentimos juntos, planejamos e concluímos planos juntos.

- Nós conversamos sobre qualquer bobagem juntos e nada importa além do fato de estarmos ali conversando um com o outro.

- Ela é tão minha amiga que atura todas as minhas trapalhadas e ouve todas as minhas burrices e delírios como se fossem música para seus ouvidos.

- Nós fomos criados juntos na casa daquele que planejou nosso destino feliz.

- Se eu vivesse eternamente contigo, seríamos a dupla perfeita, eu fazendo as trapalhadas e você desfazendo, eu deixando as pessoas me enganarem e você me salvando

- Eu chorando e você me consolando com suas palavras doces.

- Você cozinhando e eu tendo indigestões

Todos sorriram um pouco confusos

- Mas talvez, meus amigos, vocês não consigam imaginar como poderia haver mais do que três pés, não é?

- Pois nem eu imagino, não sei o nome dele, não sei de onde veio e nem para onde vai.

- Só sei que é lindo, é perfeito

- Esse pé eu o chamo de o pé desconhecido

- Ele é o maior de todos, o melhor de todos.

- Graças a ele eu não seu onde meu corpo começa e onde o dela termina

- Se ela chora meus olhos derramam lagrimas, se ela sorri meus lábios exibem os dentes

- Eu não controlo, e nem poderia pois esse pé é mais forte do que eu.

- O quarto, meus caros é o combustível da minha existência, é o que me dá forças para caminhar por todos os quatro cantos do mundo

- Eu sem ela, graças a esse pé, andaria incompleto, como um homem pela metade.

- Graças a esse pé eu me sinto realizado a cada vez que a faço sorrir.

- Graças a esse pé, quando eu faço burradas contra ti me sinto a pior das criaturas e só você pode me consolar

- Graças a ele, eu sou quem sou, graças a ele eu sou feliz

- Tudo o que eu faço na minha vida se torna dez vezes melhor, tudo é perfeito pois meus olhos me mostram tudo dessa forma

- EU TE AMO STELA!

Todos gritaram sorrindo e ítalo gritou denovo:

- Um brinde ao quarto pé e ao amor!

Todos brindaram e a música voltou a animar a festa.

Stela estava com os olhos imersos em lágrimas e pulava junto com ele no meio de todos.

Eles pararam e se olharam, a lagrima de Stela fazia seus olhos brilharem refletindo a luz do fogo que iluminava a casa.

- Não me deixe nunca, Matias

- Se eu te deixar, Stela, eu deixo a mim mesmo.

- Nossa alma é uma, tenho certeza que viveremos eternamente juntos

Eles se beijaram intensamente, suas línguas penetraram profundamente a boca um do outro e eles as moviam bem devagar.

Depois se abraçaram e ficaram parados, no meio de todos que pulavam e nem prestaram atenção nisso.